O futuro começa com a próxima geração

TRUCKSTOP

O instrutor da BSL, Carsten Witte, sabe como captar jovens condutores

Carsten Witte, instrutor da BBS Burgdorf, aposta no investimento ativo na nova geração em vez de se limitar a queixar-se da falta de jovens motoristas. Considera que já basta de queixas e está muito empenhado em fomentar o entusiasmo e a motivação dos jovens motoristas.

Carsten Witte, professor na BBS (escola profissional) de Burgdorf, bem como mestre de transportes rodoviários e conselheiro de segurança para o transporte de mercadorias perigosas na BSL – Büro für sichere Logistik (que significa tanto quanto “gabinete para logística segura”), tem a certeza que não é suficiente as empresas apenas sinalizarem nos seus websites que estão à procura de jovens motoristas e formandos. Na sua opinião, é muito mais importante e eficaz captar a atenção dos rapazes e raparigas, já nas escolas, para as ofertas e oportunidades no setor dos transportes: “É aqui que as empresas deviam investir mais tempo e dinheiro”, diz Carsten Witte, “ir às escolas, propor estágios, convidar os jovens para as empresas para lhes dar uma visão da prática.”

Ele próprio sabe do que está a falar. Não só porque forma futuros motoristas profissionais como professor – antes disso, também ele esteve sentado ao volante de um camião durante muitos anos. Witte formou-se como motorista em 1988 aos 18 anos de idade. As suas viagens decorreram a nível nacional e internacional. “A minha fonte de experiências vem da vida real”, afirma. A conselho do seu chefe na altura, completou também a formação de mestre de transportes rodoviários que o qualifica para formar motoristas. Foi quando trabalhava como líder de equipa numa grande empresa de entregas rápidas que recebeu a proposta para trabalhar como docente e ensinar os módulos.

“Dou-me bem com os alunos porque não sou um teórico puro, mas também venho de um passado prático e consigo chegar até eles de uma forma completamente diferente”, diz Carsten Witte.

“Quem não investe não ganha.”

A sua abordagem prática também inclui a atitude de que todos podem fazer algo para que as coisas mudem: “Não olhar sempre apenas para o lado negativo. Também não quero encobrir nada, mas temos de olhar positivamente para o futuro. Não há problemas, apenas soluções”, afirma. Quanto à sua própria carreira como motorista profissional, tem a certeza: “Nenhum outro trabalho me poderia ter proporcionado o que vivi como motorista.” Por exemplo, o facto de passar todos os dias com pessoas diferentes. Claro que também existem lados negativos como em qualquer outra profissão. O que para ele representa claramente a profissão de motorista:

“Somos relevantes para o sistema.”

Isto já era assim antes da pandemia de coronavírus, segundo Witte. Além disso, afirma que trabalhar como motorista profissional oferece uma boa base para a progressão na carreira. “Na altura, nem eu fazia ideia de que existiam tantas oportunidades.” Carsten Witte refere-se ao mestre de tráfego rodoviário, assim como à colaboração noutras instâncias, como por exemplo, as comissões de avaliação, a comissão de tráfego ou a formação como conselheiro de segurança para o transporte de mercadorias. Os jovens são necessários em todo o lado.

Após os jovens decidirem começar a formação como motoristas profissionais, é também importante convencê-los a permanecer de facto no trabalho. Com a questão de como isto pode ser conseguido em mente, Carsten Witte organizou, por exemplo, no âmbito da IAA Transportation, no outono passado, juntamente com vários fabricantes do setor, visitas temáticas a vários stands de feira. Nesta ocasião, ele e as suas turmas também visitaram o stand da MAN em Hanôver e conheceram os veículos e a tecnologia mais recentes. “Todos ficaram satisfeitos, um ou outro ainda fala com entusiasmo sobre a experiência”, diz Carsten Witte ao fazer um balanço retrospetivo.

Para ele, o mais importante é chegar aos jovens que estão em vias de se tornarem motoristas profissionais.

Por um lado, isto é feito através das aulas diversificadas que têm sempre lugar em blocos escolares de três semanas e durante as quais os formandos adquirem conhecimentos para o exercício da profissão em 12 campos de aprendizagem. Para além da aquisição dos conhecimentos teóricos, é também essencial aplicá-los na prática. Isto inclui, em primeira linha, a condução, mas também tópicos tão importantes como o controlo em descidas. Os alunos aprendem estes conteúdos práticos em modelos de veículos reais da escola. Além disso, os alunos podem também recorrentemente trazer camiões das empresas para as quais trabalham.

Carsten Witte também considera os veículos e o seu equipamento como os principais fatores em 70 por cento dos casos de aspirantes a motoristas que optam pela profissão. Portanto, é ainda maior a relevância de empresas e fabricantes utilizarem o interesse dos “clientes de amanhã” para convencer mais jovens do trabalho desafiante ao volante. Este processo deverá começar desde logo com propostas apropriadas aos que abandonam a escola ou àqueles que estão prestes a formar-se. “Há muitas pessoas que gostam realmente do trabalho”, diz Carsten Witte, acrescentando que a troca direta de experiências pode contribuir significativamente para garantir que assim permaneça no futuro.